Universo Maker

Como a Cultura Maker te impulsiona para alcançar seu potencial máximo?

A Cultura Maker é uma extensão mais tecnológica do movimento “do it yourself” (DIY) ou “faça você mesmo”, em tradução livre. Nesse sentido, sua proposta é que as pessoas desenvolvam habilidades a fim de criar, consertar e modificar uma grande variedade de objetos manualmente.

O movimento Maker se popularizou no segmento educacional na última década, favorecendo o desenvolvimento infantil e diversos níveis educacionais. Ao mesmo tempo, se destacou no cenário corporativo, tornando seus processos de criação e gestão de projetos mais ágeis.

Assim, a curiosidade, o impulso de fazer, parece resistir a fatores como ambiente e idade, por exemplo. Mas é fácil entender o porquê disso acontecer. Afinal, uma criança que cresce num ambiente adepto à cultura do fazer, carrega essa experiência e os conhecimentos decorrentes dela às demais áreas da vida, inclusive profissional.

O inverso também é verdadeiro. Afinal, um adulto que convive num ambiente que adota o movimento Maker em sua cultura, naturalmente passará essa experiência aos filhos, além de incentivar um espírito curioso e criador aos pequenos.

Nesse artigo, vou te apresentar a esse universo. Então, prepare-se para conhecer a Cultura Maker, seus princípios e alguns estudos que comprovam sua eficácia no desenvolvimento cognitivo.

Encontre as respostas que procura sobre o movimento maker ao longo desse conteúdo. Ou vá direto ao ponto selecionando um item do menu abaixo.

Direto ao assunto

Cultura Maker

O que é?

De modo geral, a Cultura Maker é um movimento que se baseia na concretização de ideias a partir de esforços manuais, incentivando a prática da teoria como ação fundamental para o aprendizado. Está fortemente atrelada a conceitos de FabLab (laboratórios de fabricação), do-it-yourself (faça você mesmo), hands-on (mão na massa) e maker movement (movimento maker).

O que é Cultura Maker?

Resumidamente, podemos dizer que:

cultura maker se baseia na ideia de que as pessoas devem ser capazes de fabricar, construir, reparar e alterar objetos dos mais variados tipos e funções com as próprias mãos, baseando-se num ambiente de colaboração e transmissão de informações entre grupos e pessoas.

Wikipédia – Cultura Maker

Como surgiu?

A Cultura Maker surgiu juntamente com o desenvolvimento dos primeiros computadores pessoais, nos anos 70. No entanto, o movimento inspirado no DIY só se popularizou 30 anos depois, com o lançamento da Revista Make e a feira de inovação Maker Faire, que se tornaria o evento maker mais famoso do mundo.

Ser um maker é tomar a iniciativa para construir o que você quer, sem depender de uma situação ideal.

cultura-maker-apple-primeiro-computador

Assim, podemos tomar como exemplo disso os fundadores da Apple, Steve Jobs e Steve Wozniak, que colocaram a “mão na massa” para desenvolver um dos primeiros computadores pessoais do mundo, o Apple I, lançado em 1976. Uma iniciativa que mudaria a interação entre usuário e máquina pra sempre.

Anos depois, com o desenvolvimento de tecnologias, surgiram novos aparelhos, como as impressoras 3D, por exemplo, que foram criadas para facilitar e agilizar a produção de diversos componentes para os mais variados segmentos do mercado.

É verdade que invenções como essas não nascem do dia pra noite. E é justamente aí onde a Cultura Maker ganha espaço. Afinal, não há garantia de que você nasça com um talento nato pra esse universo do hands-on, mas é um fato que você pode desenvolver as habilidades necessárias.

Como funciona?

De acordo com Mark Hatch, autor do livro The Maker Movement Manifesto, existem 10 fundamentos principais do movimento Maker. Conforme o autor, é sobre esses pilares que novos makers e aprendizes devem se desenvolver para criar novas soluções para impactar o mundo positivamente.

Nesse sentido, apresento agora os conceitos chaves do maker movement, retirados e traduzidos do original The Maker Movement Manifesto, de Mark Hatch.

Fazer

Fazer é a maior característica dos seres humanos. Nós temos que fazer, criar e expressar nós mesmos, para nos sentir completos e felizes. Este sentimento é muito forte quando fazemos coisas materiais. Estas coisas passam a ser pedaços de nós mesmos e parecem incorporar partes do nosso ego.

Compartilhar

Compartilhando o que você faz e o que você aprendeu sobre o que fez é a forma pela qual esta satisfação de fazer é percebida. Você não pode fazer e não compartilhar. Fica sem graça e sem sentido.

Presentear

Há poucas coisas mais desprendidas e prazeirosas do que presentear com coisas que você mesmo fez. O ato de fazer coloca um pouco de você no objeto. Presentear alguém é como dar um pedaço do seu verdadeiro eu. Estes presentes em geral se tornam os bens mais estimados que possuem.

Aprender

Você deve aprender para fazer o melhor possível. Você deve sempre buscar aprender mais sobre os seus feitos. Então, mesmo que você já seja um especialista ou um artesão experiente você ainda precisará aprender, querer aprender, e forçar-se a buscar novas técnicas, materiais e processos. Construir um caminho de aprendizagem ao longo da sua vida garante uma existência produtiva, e feliz.

Equipar-se

Você deve ter acesso às ferramentas adequadas para os seus projetos. Investir e desenvolver acesso local a todas as ferramentas que você precisa para fazer o que você desejar fazer. As ferramentas nunca foram tão baratas, acessíveis, fáceis de usar e poderosas.

Experimentar

Divirta-se com o que você estiver fazendo, e você vai se surpreender, e se orgulhar com o que vai descobrir.

Participar

Junte-se ao Movimento Maker e espalhe para todos a sua volta, o prazer de fazer. Participe de seminários, festas, eventos, feiras, exposições, aulas e encontros com outros makers e participe de grupos de discussão.

Apoiar

Este é um movimento que exige apoio emocional, intelectual, financeiro, político e institucional. A melhor esperança de mudar o mundo somos nós, e nós somos os únicos responsáveis por fazer um futuro melhor.

Mudar

Aceite as mudanças que naturalmente vão ocorrer enquanto você for avançando nesta missão. Uma vez que fazer é a principal característica dos humanos, você começará a estar cada vez mais parecido e conectado às coisas que você faz.

Errar

Seja tolerante com os seus erros, aprenda com eles, recomece. Atinja o grau de perfeição que você quiser, mas não deixe de fazer e refazer por medo de errar. A única coisa que exige sua perfeição é a sua segurança e dos demais à sua volta.

Pra que serve?

Mais do que uma proposta para o autodesenvolvimento, a Cultura Maker vem sendo aprimorada ao longo dos anos a fim de levar às pessoas metodologias eficazes na criação de novas habilidades.

Como resultado, o maker movement desenvolve pessoas altamente capacitadas para lidar com os desafios do futuro.

No mais, lembre-se que nunca é tarde demais pra aperfeiçoar uma habilidade, nem cedo o bastante pra aprender algo novo. Para isso, a Cultura Maker pode ajudar.

Cultura Maker na escola

Exemplos da cultura maker na educação

O acesso facilitado a diversas ferramentas de criação e a globalização dos meios de comunicação promovem o compartilhamento ágil de informações sobre tecnologia e técnicas variadas, o que facilita o crescimento exponencial dessa “cultura do fazer”.

Ainda assim, algumas adversidades são evidentes. De acordo com a arquiteta Heloísa Domingues Neves, uma das mais respeitadas consultoras sobre o movimento Maker no Brasil e criadora do We Fab, ponto de encontro entre makers, empresários e empresas, ainda existem dificuldades a serem superadas.

“Precisamos aprimorar várias questões no relacionamento da Cultura Maker com a rotina escolar. Para dar um exemplo insólito: os períodos médios de aula costumam durar 50 minutos, e uma impressora 3D às vezes leva uma hora e meia para produzir um objeto pequeno. Outra questão importante – e difícil – é a do preparo dos professores. De qualquer forma, os ganhos são claros porque os jovens se sentem muito bem nesses ambientes. Por isso todo mundo está buscando essas estruturas.”

Heloísa Domingues Neves – arquiteta e disseminadora da Cultura Maker no Brasil desde 2012

Importância da Cultura Maker na educação infantil

De acordo com Paulo Blikstein, professor-doutor das escolas Educação e Engenharia de Stanford, associado do Transformative Learning Technologies Lab e consultor em projetos educacionais em diversos países, incluindo o Brasil, espaços voltados a criação, estimulam a inventividade e criatividade, trazem resultados significativos na absorção de novos conhecimentos, além de tornar o aprendizado mais prazeroso.

Para o criador da School Fab Lab, primeiro programa mundial que entrega laboratórios-fábrica e espaços de produção maker à escolas públicas e privadas dos ensinos fundamental e médio:

“O movimento Maker não servem, nas escolas, apenas como instrumento lúdico para os alunos se divertirem. Na prática, eles estão desenvolvendo habilidades de raciocínio úteis para todas as matérias, atividades e áreas do conhecimento. A prática e o despertar da curiosidade trazem embasamento em teorias cognitivas capaz de gerar aprendizado mais sólido, e com maior rapidez, do que nos casos em que a teoria é passada unicamente no vácuo, sem experimentação.”

Paulo Blikstein, professor-doutor na Educação e Engenharia de Stanford e criador do School Fab Lab.

Estudos comprovam melhora no desempenho escolar

Diversos teses foram estudadas pelos professores e mestres, em Stanford, a fim de entender se as criações nos espaços makers trazem ganhos efetivos no aprendizado e desempenho dos alunos.

Em uma das experiências, dois grupos de alunos receberam o vídeo tutorial de um mesmo trabalho. Em um deles, um professor dava instruções à medida que surgiam novas etapas. Já no outro, não havia orientação.

“A turma sem ajuda do professor teve desempenho 30% superior, uma evidência de que, em muitos casos, sobretudo os ligados à ciência, engenharia, tecnologia e matemática, é mais produtivo deixar o aluno testar caminhos antes de receber o conteúdo teórico passado pelo professor.”

Paulo Blikstein, professor-doutor na Educação e Engenharia de Stanford e criador do School Fab Lab.

Livros para se aprofundar na Cultura Maker

Makers: A Nova Revolução Industrial – Chris Anderson

De Chris Anderson, editor da revista Wired e autor do best-seller A Cauda Longa. De acordo com ele, “os últimos 10 anos foram de descobertas de novas maneiras de criar, de inventar e de colaborar na Web. Os próximos 10 anos serão de aplicações desses ensinamentos no mundo real.”

Este livro evidencia que o futuro econômico emergirá do avanço do Movimento Maker. Os Makers criam novos produtos e serviços usando ferramentas digitais, projetando em computador e produzindo cada vez mais em máquinas de fabricação pessoais.

Através de um trabalho já existente ou, projetos melhores, suas criações são instintivamente compartilhadas online. Apenas pelo fato de incluírem no processo a cultura e a colaboração pela Web, eles constroem coisas em escala como nunca foi feito antes.

De acordo com o autor, a indústria de sprinklers mudará nos próximos anos, à medida que outros entrantes desenvolverem projetos com base em modelos centrados na internet, de inovação aberta.

Trata-se de um movimento de startups que explorarão um novo modelo pertencente à geração web. Disponível na Amazon a partir de R$ 11,36

Ludicidade, Jogos Digitais e Gamificação na Aprendizagem – Luciano Meira e Paulo Blikstein

Enquanto o engajamento de crianças e jovens com suas atividades escolares é uma preocupação persistente em todo o mundo, o mesmo parece não acontecer no mundo dos jogos digitais e videogames.

Assim, Ludicidade, Jogos Digitais e Gamificação na Aprendizagem reúne reflexões sobre esse universo como estratégias de engajamento, melhoria de desempenho, apoio ao desenvolvimento de competências e imersão de estudantes e educadores em cenários diversificados de aprendizagem significativa da educação básica brasileira.

A obra é dividida em duas partes: a primeira aborda pesquisas sobre o uso de jogos digitais ou processos de gamificação em várias áreas e níveis do ensino escolar.

Enquanto a segunda traz relatos de experiências didáticas em temas e contextos como o ensino de línguas, práticas na educação física, mobilidade urbana e educação financeira, por exemplo.

Disponível na Amazon a partir de R$ 47,49.

Robótica Educacional: Experiências Inovadoras na Educação Brasileira – Rodrigo Barbosa e Silva e Paulo Blikstein

Esta obra aborda o aprendizado da robótica educacional em escolas do meio urbano e rural, universidades e espaços informais brasileiros.

Dentro dessa diversidade de experiências, a robótica pode ser vista como ferramenta para abrir a “caixa preta” das tecnologias contemporâneas.

Sendo assim, uma ferramenta de construção de máquinas digitais, como base para construção de novas ideias e como um rico e inovador ambiente de aprendizado individual e colaborativo.

Disponível na Amazon a partir de R$ 53,78.

Já leu algum desses livros ou tem outras referências de leitura sobre o movimento Maker? Então fale sobre isso nos comentários. Afinal, esse blog representa um espaço colaborativo, onde espalhamos boas ideias no universo. Também queremos ouvir você.

Por hoje é só. Espero que você tenha encontrado algo útil sobre a Cultura Maker pra encaixar na sua vida, de alguma maneira. Se esse for o caso, faça uma avaliação pra gente, só vai levar 2 segundos e não custa nadinha.

P.S.: o Universo explode de felicidade toda vez que você nos dá 5 estrelas!

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