A literatura nacional tem grandes representantes que a tornam rica e extremamente única, mas tão importante quanto a nacional, é a literatura regional, que carrega consigo toda a tradição de um povo que não é encontrada em nenhum outro lugar, por isso é tão importante entender mais sobre a literatura de cordel.
Essa literatura, que já se tornou patrimônio nacional, é cheia de símbolos e peculiaridades que envolvem a região nordeste, mas que também, tomam conta de outros estados do país. Quer entender melhor sobre o cordel e a importância para a literatura regional? Continue até o final e boa leitura.
Direto ao assunto
O que é literatura de cordel?
A literatura de cordel, como vimos hoje, tem total influência dos nossos colonizadores portugueses, com os trovadores medievais, que espalhavam histórias para a grande população, que na época, era em grande parte, analfabeta. Com o passar do tempo, no período da Renascença, e a possibilidade de impressão em papéis, a disseminação destas histórias, que até então eram cantadas, passou a ser maior.
As impressões destes poemas eram apresentadas e penduradas em cordas, ou cordéis, como são chamados em Portugal, chegando no nordeste do país com essas características e sendo mantidas até hoje.
Esta literatura carrega consigo muito da cultura brasileira e do dia a dia da população, principalmente dos nordestinos. Sua principal função social é de informar, ao mesmo tempo que diverte os leitores.
A literatura de cordel é tão importante para a cultura brasileira que, em 2018, tornou-se patrimônio imortal por um colegiado, com a presença do Ministro da Cultura.
Referente a linguagem do cordel, ela se difere muito da tradicional, tendo como principais características:
- linguagem coloquial (informal);
- uso de humor, ironia e sarcasmo;
- temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, etc.;
- presença de rimas, métrica e oralidade.
Quais são os principais autores de cordel?
Os cordelistas, como são chamados os autores que produzem a literatura de cordel, são muito famosos na região ondem moram, chegando até a expandir fronteiras e conquistar as demais regiões do país. Veja os principais expoentes desta literatura:
- Apolônio Alves dos Santos
- Cego Aderaldo
- Cuica de Santo Amaro
- Guaipuan Vieira
- Firmino Teixeira do Amaral
- João Ferreira de Lima
- João Martins de Athayde
- Manoel Monteiro
- Leandro Gomes de Barros
- José Alves Sobrinho
- Homero do Rego Barros
- Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)
- Téo Azevedo
- Gonçalo Ferreira da Silva
- João de Cristo Rei
4 poemas de literatura de cordel
Até aqui vimos a história e os principais expoentes desta bela literatura, mas agora é o momento de ver as obras produzidas por esses grandes ícones. Confira a seguir.
O poeta da roça – Patativa do Assaré
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô
Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá
Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
As Misérias da Época – Leandro Gomes de Barros
Se eu soubesse que esse mundo
Estava tão corrompido
Eu tinha feito uma greve
Porém não tinha nascido
Minha mãe não me dizia
A queda da monarquia
Eu nasci, fui enganado
Pra viver neste mundo
Magro, trapilho, corcundo,
Além de tudo selado.
Assim mesmo meu avô
Quando eu pegava a chorar,
Ele dizia não chore
O tempo vai melhorar.
Eu de tolo acreditava
Por inocente esperava
Ainda me sentar num trono
Vovó para me distrair
Dizia tempo há de vir
Que dinheiro não tem dono.
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O romance do pavão misterioso – José Camelo de Melo Resende
Eu vou contar uma história
De um pavão misterioso
Que levantou vôo na Grécia
Com um rapaz corajoso
Raptando uma condessa
Filha de um conde orgulhoso.
Residia na Turquia
Um viúvo capitalista
Pai de dois filhos solteiros
O mais velho João Batista
Então o filho mais novo
Se chamava Evangelista.
O velho turco era dono
Duma fábrica de tecidos
Com largas propriedades
Dinheiro e bens possuídos
Deu de herança a seus filhos
Porque eram bem unidos (…)
Ai se sesse – Zé da Luz
Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nos dois se empareasse
Se juntin nós dois vivesse
Se juntin nós dois morasse
Se juntin nós dois durmisse
Se juntin nós dois morresse
Se pro céu nos assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insistisse pra que eu me aresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Talvez que nos dois ficasse
Talvez que nos dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgem todas fugisse
Conheça mais sobre essa incrível e rica literatura, que pode nos ensinar muito a respeito de histórias regionais e de nossa cultura.
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